Você tem acompanhado as discussões que estão acontecendo sobre o novo Plano Nacional de Educação (PNE)? Em junho de 2024, o Ministério da Educação (MEC) encaminhou, ao Congresso Nacional, o Projeto de Lei nº 2.614/2024 com uma proposta de texto para o novo PNE. Isso porque o atual Plano foi elaborado para o decênio de 2014-2024 (sua vigência está prorrogada até 31 de dezembro de 2025).
O projeto do PNE, que é o principal instrumento de planejamento da política educacional brasileira, foi apresentado pelo MEC como resultado de um processo de construção que contou com um amplo debate com representantes da sociedade civil e de diferentes esferas do governo, iniciado na Conferência Nacional de Educação (Conae), da qual participaram mais de 2,5 mil delegados de todo o país, em janeiro de 2024.
Desde abril de 2025, quando foi criada a Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o documento tem sido alvo de diversas audiências públicas para debater seus principais pontos. Mais recentemente, todos os estados têm realizado seminários para que professores, institutos, sindicatos e universidades possam fazer sugestões em relação à proposta do PNE. Entre maio e a primeira quinzena de julho, 17 estados já promoveram seus encontros.
O novo texto apresenta 18 objetivos, desdobrados em 58 metas e 253 estratégias organizadas, entre outros, nos seguintes temas:
- Acesso e qualidade da Educação Infantil
- Acesso, Trajetória e Aprendizagem no Ensino Fundamental e no Ensino Médio
- Educação Escolar Indígena, Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola
- Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Educação Bilíngue de Surdos
- Profissionais na Educação Básica
- Participação Social e Gestão Democrática
- Financiamento e Infraestrutura da Educação Básica
Veja um exemplo de objetivo, suas metas e as estratégias relacionadas a ele:
Acesso à Educação Infantil
Objetivo 1: Ampliar a oferta de matrículas em creche e universalizar a pré-escola.
Meta 1.a.: Ampliar a oferta de educação infantil para atender, no mínimo, 60% (sessenta por cento) das crianças de até três anos ao final da vigência do Plano Nacional de Educação – PNE.
Meta 1.b.: Reduzir, a no máximo dez pontos percentuais, a desigualdade de acesso à creche entre as crianças do quintil de renda familiar per capita mais elevado e as do quintil de renda familiar per capita mais baixo até o final da vigência deste PNE.
Meta 1.c.: Universalizar, até o terceiro ano do período de vigência do PNE, o acesso à educação infantil na pré-escola, para atender a todas as crianças de quatro a cinco anos.
PNE e Municípios
Logo após a aprovação do novo Plano Nacional de Educação, será a vez da construção ou revisão dos planos estaduais e municipais. E é aqui que o diagnóstico realizado pela Secretaria de Educação e os resultados dos demais processos participativos promovidos na rede entram. Os Planos Estaduais (PEEs) e os Planos Municipais (PMEs) podem ser acompanhados dos dados provenientes desses instrumentos, apresentando metas encadeadas às nacionais que retratem a realidade de cada território.
Com força de lei, eles são instrumentos fundamentais e estratégicos da gestão estadual e municipal, uma vez que apoiam tanto nos planos de ação de cada governo, quanto na continuidade das políticas educacionais (por ter duração de dez anos e extrapolarem o tempo de uma gestão), permitindo que as iniciativas sejam suprapartidárias. Além disso, podem, inclusive, contar com propostas de monitoramento e avaliação e com a definição de papéis e responsabilidades dos diferentes atores envolvidos na educação pública. Portanto, assim como abordamos nos artigos anteriores, sua construção também deve ser participativa.
A intenção é que o PNE, o PEE e o PME componham um conjunto coerente e articulado em relação ao que se pretende alcançar como objetivo, resultando no cumprimento das metas. E não podemos esquecer que a oferta da educação básica está mais concentrada justamente nas redes municipais de educação. De acordo com dados do Censo Escolar de 2024, 49,1% das matrículas na educação básica são de responsabilidade dos municípios, enquanto os estados respondem por 29,8%, a rede privada por 20,2% e a rede federal por 0,8%.
Então, fique ligado nas discussões sobre o PNE, participe das audiências públicas e dos seminários estaduais porque logo, logo ele deverá ser desdobrado para sua rede.
Até o próximo post!!
