Loading...

7 de julho de 2025
O que o Plano Nacional de Educação tem a ver com a rede municipal?
O documento que estabelece diretrizes para as políticas educacionais brasileiras está em discussão e, após sua aprovação, deverá ser desdobrado para que os estados e municípios o transformem em políticas e ações claras, mensuráveis e exequíveis.
Educação Já

Você tem acompanhado as discussões que estão acontecendo sobre o novo Plano Nacional de Educação (PNE)? Em junho de 2024, o Ministério da Educação (MEC) encaminhou, ao Congresso Nacional, o Projeto de Lei nº 2.614/2024 com uma proposta de texto para o novo PNE. Isso porque o atual Plano foi elaborado para o decênio de 2014-2024 (sua vigência está prorrogada até 31 de dezembro de 2025).

O projeto do PNE, que é o principal instrumento de planejamento da política educacional brasileira, foi apresentado pelo MEC como resultado de um processo de construção que contou com um amplo debate com representantes da sociedade civil e de diferentes esferas do governo, iniciado na Conferência Nacional de Educação (Conae), da qual participaram mais de 2,5 mil delegados de todo o país, em janeiro de 2024.

Desde abril de 2025, quando foi criada a Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o documento tem sido alvo de diversas audiências públicas para debater seus principais pontos. Mais recentemente, todos os estados têm realizado seminários para que professores, institutos, sindicatos e universidades possam fazer sugestões em relação à proposta do PNE. Entre maio e a primeira quinzena de julho, 17 estados já promoveram seus encontros.

O novo texto apresenta 18 objetivos, desdobrados em 58 metas e 253 estratégias organizadas, entre outros, nos seguintes temas:

  1. Acesso e qualidade da Educação Infantil
  2. Acesso, Trajetória e Aprendizagem no Ensino Fundamental e no Ensino Médio
  3. Educação Escolar Indígena, Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola
  4. Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Educação Bilíngue de Surdos
  5. Profissionais na Educação Básica
  6. Participação Social e Gestão Democrática
  7. Financiamento e Infraestrutura da Educação Básica

Veja um exemplo de objetivo, suas metas e as estratégias relacionadas a ele:

Acesso à Educação Infantil

Objetivo 1: Ampliar a oferta de matrículas em creche e universalizar a pré-escola.

Meta 1.a.: Ampliar a oferta de educação infantil para atender, no mínimo, 60% (sessenta por cento) das crianças de até três anos ao final da vigência do Plano Nacional de Educação – PNE.

Meta 1.b.: Reduzir, a no máximo dez pontos percentuais, a desigualdade de acesso à creche entre as crianças do quintil de renda familiar per capita mais elevado e as do quintil de renda familiar per capita mais baixo até o final da vigência deste PNE.

Meta 1.c.: Universalizar, até o terceiro ano do período de vigência do PNE, o acesso à educação infantil na pré-escola, para atender a todas as crianças de quatro a cinco anos.

PNE e Municípios

Logo após a aprovação do novo Plano Nacional de Educação, será a vez da construção ou revisão dos planos estaduais e municipais. E é aqui que o diagnóstico realizado pela Secretaria de Educação e os resultados dos demais processos participativos promovidos na rede entram. Os Planos Estaduais (PEEs) e os Planos Municipais (PMEs) podem ser acompanhados dos dados provenientes desses instrumentos, apresentando metas encadeadas às nacionais que retratem a realidade de cada território.

Com força de lei, eles são instrumentos fundamentais e estratégicos da gestão estadual e municipal, uma vez que apoiam tanto nos planos de ação de cada governo, quanto na continuidade das políticas educacionais (por ter duração de dez anos e extrapolarem o tempo de uma gestão), permitindo que as iniciativas sejam suprapartidárias. Além disso, podem, inclusive, contar com propostas de monitoramento e avaliação e com a definição de papéis e responsabilidades dos diferentes atores envolvidos na educação pública. Portanto, assim como abordamos nos artigos anteriores, sua construção também deve ser participativa.

A intenção é que o PNE, o PEE e o PME componham um conjunto coerente e articulado em relação ao que se pretende alcançar como objetivo, resultando no cumprimento das metas. E não podemos esquecer que a oferta da educação básica está mais concentrada justamente nas redes municipais de educação. De acordo com dados do Censo Escolar de 2024, 49,1% das matrículas na educação básica são de responsabilidade dos municípios, enquanto os estados respondem por 29,8%, a rede privada por 20,2% e a rede federal por 0,8%.

Então, fique ligado nas discussões sobre o PNE, participe das audiências públicas e dos seminários estaduais porque logo, logo ele deverá ser desdobrado para sua rede.

Até o próximo post!!

Karina Padial
Crédito: Rafael Dardes
Escrito por: Karina Padial
Fundadora e gestora da Mobilize Educação, é consultora pedagógica do Instituto Max Fabiani. Por mais de dez anos, trabalhou na Associação Nova Escola, como gestora de projetos e produtos educacionais voltados para Secretarias de Educação. Antes, cocriou a área de cursos online e foi repórter das revistas Nova Escola e da Gestão Escolar. Participou do 1º Cohorte de Jovens Lideranças Educacionais da América Latina, organizado pelo Leading Education.
Veja outras notícias

Se preferir, CLIQUE AQUI para acessar todas as notícias do Instituto Max Fabiani.